quarta-feira, 7 de julho de 2010

Uma versão sobre o adeus do PSDB ao ninho cidista

Com o título “PSDB no Governo: entrou cedo e saiu tarde”, o publicitário Ricardo Alcântara escreve artigo para o Blog.

Jogado para fora da bem pavimentada pista do governismo depois de levar um “canto de carroceria” dos seus mais tradicionais aliados do PFG (Partido dos Ferreira Gomes), o senador Tasso Jereissati logo vislumbrou, como a menos humilhante das despedidas, a chance de fingir que a decisão foi sua e o fez com o amargor bilial de sempre. Mas nada houve de voluntário em tudo aquilo: foi uma porta na cara que o levou para as ruas.

O senador finge ter se dado conta assim, de repente – entre a nova e a crescente – de que o Ceará esteve submetido a uma oligarquia. A simulação sem limites o fez se confessar entre os mentores do modelo e declarou guerra ao espelho ao defender aposentadoria política – embora seja, ele mesmo, candidato - dos Ferreira Gomes – e de si mesmo, o - Jereissati -, e o faz como um Nero que incendeia a cidadela ao pressentir sua derrocada.

Até aí, versões, nada mais que versões. O fato: derrotado nas urnas de 2006 por uma coligação ancorada no projeto popular do presidente Lula, o tucanato negou-se a cumprir o papel de oposição que o eleitor lhe reservou e desde cedo aninhou-se à sombra amena dos favores governistas ao preço de manter sua base municipal e ao custo de sua própria identidade. Assim, quem pouco tolerava antes, passou a fechar os olhos para muitas coisas.

Na operação intempestiva de 2006, deixaram a cabine de comando para se alojar nos porões. Foram provar carne de segunda em meio à marujada e lá ficaram até o dia em que um suprimento adicional de ração lhes foi negada. Lançados ao mar tão logo Cid Gomes (PSB) se rendeu à imposição da realidade de que havia excesso de tripulantes, passaram a atirar no barco como se o tivessem abandonado e não expelidos à incerteza.

Eis o que narram os próprios fatos. O mais, versões. Nada mais que versões.

* Ricardo Alcântara, poeta e publicitário.

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